segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Nunca viram ninguém triste? ♫


 Deixo-te parti, agora.
 Essa dor é minha, baby. 
Essa dor é minha. 
É minha e eu a aceito como uma velha amiga. 
Deixa-me em paz, caramba! eu não farei nenhuma loucura,
porque essa dor é minha.
É minha.       

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Vai em frente e me abandona, baby...


Faça como todos os outros; eu não esperei nada de novo dos teus olhos e da tua língua e do teu adeus. Prossiga para os lugares que não estou, fique bem com as tuas putas e deixa-me morrer. Eu não esperei nada de novo, novamente meu coração ficará dilacerado e minha vontade de jogar-me de um penhasco se intensificará. Meu caos interno é demais pra sua vida de merda e, sinceramente, não te culpo. O que há de errado comigo, baby? Eu só queria alguém que ficasse. Você foi meu por infindáveis dias, eu poderia ter sido sua para sempre, se preferisse. O engraçado é que não esperei nada de novo, meus lábios sempre estarão na espreita para sussurrar o último adeus: au revoir.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

O demônio agora tem outro nome.



Eu mandei um aviso prévio, baby. E nele estava escrito: "Não entre. Não ousas entrar nesse vácuo de abismos que irá te engolir." Tudo em vão. Tudo em prol de sua desobediência e sua habilidade impar de fazer cagadas. Eu lhe disse que entrar em meu mundo era encrenca. Que a matéria negra do meu olho é de um material amaldiçoado e pervertido não podendo ser habitável a olhos nenhum, justamente por serem águas turvas. Ofereci-te minha virilha e você o coração, sabendo que não se pode jurar amor eterno a uma puta, e mesmo assim, o fez. Por quê tanta cagada, cara? Não vês a minha alma prostituta? Você tem cheiro de virgindade e eu sinto o medo pairando sobre ti. Tuas mãos juvenis e nada firmes nunca me fizeram sua, nunca me possuirão. Meus orgasmos sempre foram incompletos com você, meus sorrisos também. Não morra, não chora e não sinta medo, são só merdas que eu te falo pra poder te adubar. Vê se cresça e aprenda que tudo o que tenho a lhe oferecer é o gosto amargo do meu fel e o meu sexo tão vulgar.  Ninguém desata o meu caos e há um monstro no espelho. Aprenda, caralho, aprenda que eu não preciso ser cuidada; já quis muito ser, agora, não mais. Desconta os teus descontroles em mim e me deixa roxa. Me bata, pois eu mereço. Me xinga dos piores nomes possíveis, pois sou. Me mande ao inferno, porque o demônio sou eu.







                                      

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

E quem vai pagar o enterro e as flores?


olhar seus olhos negros
e sentir medo e angustia e tesão pelos mesmos.
um dia eles ainda me engolirão.

um dia toda a negritude que seus olhos carregam, hei de me levar ao óbito.




enterrada a sete palmos de caos
Aqui jaz, Andressa.     

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O último poema.


Tic-tac.
O relógio corre lento, esmagador
e triste.

Eu não sei quem está por mim.
Cristo não voltou, bombas atômicas existem
e Deus

está morto.  


Tic-tac... Bang! 
Ninguém ressuscitou no terceiro dia.


Honey, 
sinto imensuravelmente, mas os suicidas tinham razão.    

domingo, 10 de novembro de 2013





Você já se perguntou que, talvez, eu não esteja aqui para sempre? Me beija e esqueça o que não dá pra esquecer; resolva tudo na minha e na sua cama. Semana passada te vi e você disse: “honey, não dá mais”, e minha vontade era pular em seus braços te pedindo pra não me deixar. Não me deixa, eu não sei dizer adeus. Não vá embora porque nunca ninguém ficou. Engulo tristeza pura, quando dedos alheios escorregam sobre as minhas coxas frias; é só isso que eles conseguem enxergar em mim, baby: uma bunda, um par de pernas, alguém pra trepar. É só isso que, talvez, você viu em mim. Eu poderia ter te amado bem mais, se tu tivesses deixado. Semana passada te vi, e você disse que não dá mais.                                          

domingo, 3 de novembro de 2013




Você foi embora, assim como todos que tocaram a minha vida.  Foi um sonho bom; eu cantarolava canções de amor bem baixinho, honey, bem baixinho.


 Acordei, fiquei lúcida!
O amor não é pra você, menina. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

você saiu pela mesma porta de emergência,
são os mesmos passos covardes e egoístas
de ir
embora.
e minhas lágrimas foram tão frias e salgadas, baby
oceanos jorrados da forma mais áspera e triste que há.
mas, honey
                "se mil vezes você me deixar e voltar, eu aceito".
                                                                       

domingo, 13 de outubro de 2013


demais
tão pouco
tão gordo
tão magro
ou ninguém.
risos ou
lágrimas
odiosos
amantes
estranhos com faces como
cabeças de
tachinhas
exércitos correndo através
de ruas de sangue
brandindo garrafas de vinho
baionetando e fodendo
virgens.
ou um velho num quarto barato
com uma fotografia de M. Monroe.
há tamanha solidão no mundo
que você pode vê-la no movimento lento dos
braços de um relógio.
pessoas tão cansadas
mutiladas
tanto pelo amor como pelo desamor.
as pessoas simplesmente não são boas umas com as outras
cara a cara.
os ricos não são bons para os ricos
os pobres não são bons para os pobres.
estamos com medo.
nosso sistema educacional nos diz que
podemos ser todos
grandes vencedores.
eles não nos contaram
a respeito das misérias
ou dos suicídios.
ou do terror de uma pessoa
sofrendo sozinha
num lugar qualquer
intocada
incomunicável
regando uma planta.
as pessoas não são boas umas com as outras.
as pessoas não são boas umas com as outras.
as pessoas não são boas umas com as outras.
suponho que nunca serão.
não peço para que sejam.
mas às vezes eu penso sobre
isso.
as contas dos rosários balançarão
as nuvens nublarão
e o assassino degolará a criança
como se desse uma mordida numa casquinha de sorvete.
demais
tão pouco
tão gordo
tão magro
ou ninguém
mais odiosos que amantes.
as pessoas não são boas umas com as outras.
talvez se elas fossem
nossas mortes não seriam tão tristes.
enquanto isso eu olho para as jovens garotas
talos
flores do acaso.
tem que haver um caminho.
com certeza deve haver um caminho sobre o qual ainda
não pensamos.
quem colocou este cérebro dentro de mim?
ele chora
ele demanda
ele diz que há uma chance.
ele não dirá
“não”.



Buk. 

terça-feira, 24 de setembro de 2013





Não adianta forçar. Não adianta querer que saia o bom poema. A escrita simplesmente vem, ou não vem. É assim pra todos nós, miseráveis, que precisam dela pra achar um pouco de graça no inferno. Por dias andei entorpecida e vi beleza nos olhos tristes da moça no ônibus, e vi a lua beijando Vênus, e vi fumaça e caos impregnados no meu livro velho. E minhas lágrimas eram tão secas e frágeis, caiam cuidadosamente no chão frio do banheiro. “Chorando bem baixinho, bem baixinho, baby. Pra nem eu, nem Deus ouvir”. Não houve papel e caneta, tudo digerido e vomitado pra dentro. Era meia-noite no lado escuro da vida, e nada fazia sentido.


domingo, 22 de setembro de 2013



"E minhas próprias coisas eram tão más e tristes, como o dia em que nasci. A única diferença era que agora eu podia beber de vez em quando, apesar de nunca ser o suficiente. A bebida era a única coisa que não deixava o homem ficar se sentindo atordoado e inútil o tempo todo. Tudo mais te pinicando, te ferindo, despedaçando. E nada era interessante, nada. As pessoas eram limitadas e cuidadosas, todas iguais. E eu teria que viver com esses putos pelo resto de minha vida, pensava. Deus, eles todos tinham cus, e órgãos sexuais e suas bocas e seus sovacos. Eles cagavam e tagarelavam e eram tão inertes quanto bosta de cavalo. As garotas pareciam boas a distancia, o sol provocando transparências em seus vestidos, refletido em seus cabelos. Mas chegue perto e escute o que elas têm na cabeça sendo vomitado pelas suas bocas. Você ficava com vontade de cavar um buraco sobre um morro e ficar escondido com uma metralhadora.

Buk. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Nos embalos de um ônibus lotado, eis que me surge uma moça.



Moça dos olhos triste
Eu vi na tua solidão, combustível para a minha.
Moça, chorar não é feio.
Não há nada de errado com a dor.
Chora! deixa doer.
Um dia a chaga se cura
e toda desgraça,
 virará pó na memória.


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Estava pronta para xingar a Vida, afinal, eu estava parada em um ônibus lotado, um trânsito desgraçado e uma incontrolável vontade de mijar. Daí, olhei pra fora e vi, lá estava, a lua, linda e grande. Às vezes, só às vezes, a gente acha um pouco de paz no inferno.      

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

"Quando olho para mim mesmo, não gosto do que vejo. Mas quando olho para você, gosto muito menos. Os amigos desaparecem no momento exato em que você precisa deles. O mundo te machuca. As pessoas te empurram nas filas, dentro dos ônibus, nas esquinas. Tudo grita na sua cara que você não vale absolutamente nada. Quando olho para você, quando olho para mim, não posso evitar de pensar que o homem é apenas um animal que não deu muito certo."
Caio F.  

quarta-feira, 14 de agosto de 2013



Não volta pra ela hoje, volta pro inferno de nós.  Te aceito, te quero e o perdoou pelos 100 anos de solidão. Fica, dorme em meus abraços, braços que não sabem segurar um alguém, mas fica, "hoje a noite não tem luar".     

sábado, 10 de agosto de 2013


O escuro da noite engole a minha sanidade e a vomita em outro universo paralelo. “A noite anoiteceu tudo”. Faz frio na cidade cinza, meus demônios despertaram, fumaça de cigarro paira sobre o meu particular inferno. Na esquerda do quarto, há um monstro de pelagem negra, em outrora, ele não era notável, mas lá estava, na espreita. Ele cresce, ele ganha força a cada dia (ou seria noite?). Não sei quais são tuas intenções, não há ataque, mas também não há cura. Que cê quer, Senhor Monstro? Pergunto sempre, quase aos sussurros. Nunca obtive respostas.

As madrugadas seguem assim, um silêncio turbulento, o breu do nada me mastiga violentamente. Atravesso o cômodo mais gélido da casa, puxo uma tragada mais forte do cigarro e encaro o espelho:

- Ih, olha lá, o monstro parece que mudou de lugar!                   

quarta-feira, 7 de agosto de 2013



Na maioria das vezes, passo sendo esta daqui a qual me tornei. Eu sou sozinha, baby, sozinha e louca. Temi tanto que esse dia chegasse, chorei potes por achar que a solidão é a pior das hipóteses que, agora, não dói. Não fui embora, não partiu das minhas mãos a traição e eu não lamento por nada. Tudo que tinha que ser chorado, já foi chorado, não há mais lágrimas para serem consumadas. Não há mais dor. Atravesso o quarto gélido com a mesma cara inchada de sono, mas os livros não são os mesmos, os filmes não são os mesmo, as musicas já não são mais as mesmas, honey; tudo morreu e, sobre os túmulos, surgiram flores tristes.  E das flores tristes, fiz o meu espetáculo.     

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

"Eu sou um aeroporto. Chegadas e partidas são a única certeza na minha vida." (Lucas S.)



Eu me arrependo da bebida e dos cigarros. As pessoas das noites frenéticas de sábados inconsequentes nunca preencheram o buraco no meu peito, nunca conhecerão a parte bonita que ainda tenho. O passado é negro, honey, e aqueles que fizeram parte dele não mais estão e eu convivo com isso. Dizer adeus foi necessário. E o adeus é menos árduo do que o perdoar. Foi bom assim, baby, tudo vem e tudo vai, tudo é fase – a dor, a felicidade, o amor, os amigos – tudo é instantâneo, nada é poupado.  

terça-feira, 30 de julho de 2013





Eu perdi a fé, perdi o sono, perdi o samba, perdi o isqueiro.
Fui perdendo coisas, honey.

E me livrando de algumas.   

sábado, 20 de julho de 2013

Calma, moça.


Hoje é mais um daqueles dias em que o céu acorda cinza, o sol escondido entre as nuvens tristes, parecendo combinar com o seu mau humor. A vida as vezes não significa muita coisa. Ela basicamente se resumi em um emprego que você não gosta muito, na vontade de cortar a garganta do seu chefe quando ele te dá muito no saco, na falta de amigos, no amor que tanto tarda, na sua família complicada. Eu não sei quem está por mim, não sei da existência de deus em meu caminho. Você acorda achando que és especial, que apontou um rumo na sua vida e que tudo tem seu tempo; mas você vai se desgastando, envelhecendo, caindo na real. E então você não sonha, vai definhando; aceita solenemente a visita da morte um dia, mas és tão jovem pra morrer, há tantos horizontes que seus olhos precisam fotografar, existe tanta gente maravilhosa, moça; não desiste assim, teu peito é de aço e aguenta apanhar. Não reclama do amor que não te deram, não se sinta injustiçada e não cobra lealdade a quem não sabe dá. Você é tão jovem pra morrer.  Existe tanta coisa bonita que a sua alma esconde que, um dia, alguém irá valorizar.  

quarta-feira, 17 de julho de 2013




Você sempre irá partir e eu vou chorar em todas as suas partidas. 
Depois de me oferecer seus olhos e a língua, você parte me dando um beijo no rosto. 
"Fica, por favor, fica" - grita o meu coração - 
Amar deve ser meio isso, né? Esgotar a cota de auto-humilhação diária.

terça-feira, 11 de junho de 2013

'




Os olhos esfumaçando dramas
Negros como o breu da madrugada
Eu sei que existem galáxias inteiras em suas pupilas fundas.
Perco-me nelas.
São buracos negros gigantescos que ofuscam qualquer sinal de luz,
De vida.
Quanto pesa a escuridão que seus olhos carregam?
Provavelmente, mais do que eu possa suportar.
O teu céu me engoliu e agora não sei o caminho de volta.
O lado de cá é tão bonito quando chove,
O sol é tão bonito quando arde.
Canta alguma coisa bonita em meus ouvidos,
Canta!
O mundo parece que desarma quando te ouço.



terça-feira, 16 de abril de 2013

Também já fui brasileiro





Eu também já fui brasileiro

Moreno como vocês.

Ponteei viola, guiei forde

e aprendi na mesa dos bares

que o nacionalismo é uma virtude

Mas há uma hora em que os bares se fecham

e todas as virtudes se negam.




Eu também já fui poeta.

Bastava olhar para mulher,

pensava logo nas estrelas

e outros substantivos celestes.

Mas eram tantas, o céu tamanho,

minha poesia perturbou-se.



Eu também já tive meu ritmo.

Fazia isto, dizia aquilo.

E meus amigos me queriam,

meus inimigos me odiavam.

Eu irônico deslizava

satisfeito de ter meu ritmo.

Mas acabei confundindo tudo.

Hoje não deslizo mais não,

não sou irónico mais não,

não tenho ritmo mais não.


 De Alguma poesia (1930)

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Eu nunca desistiria de você, sabes disso. Te salvaria das profundezas mais infinitas do desespero, dos infernos mais fodidos, não me olha com esses olhos de quem não iria até a esquina por mim que, assim, me dá uma vontade súbita de suicídio. O diabo é que você adora o caos, a lama. Eu, nem tanto. Tive que acostumar-me na marra com alguns demônios e com a escrita sangrenta. Baby, só há dois cheiros invadindo o meu quarto, o primeiro é o odor envolvente da nicotina, o segundo é o meu predileto, seu cheiro que é, provavelmente, fruto da minha sórdida imaginação, pura miragem, holograma mais que perfeito. Em algumas vezes me atrevo a mergulhar em sua pupilas negras, quase sempre me afogo, são águas turvas e eu não tenho folego aos seus redemoinhos. Não sei nadar direito, meus braços são curtos e cansados, mas a coragem é grande, tão grande que beira a burrice.


As paredes observam todas as noites a minha insônia dolorida, e nessas noites de solidão são escritas cartas para um só destinatário: você, causador da minha cólera. Então elas choram comigo. Amor, eu não sei conviver com o caos. Não sei olhar pra ti e não sentir um puto nojo do seu caráter, do seu lirismo, logo em seguida  me odeio por amar-te desfreadamente, apesar da angustia.


Não me ofereça a boca se não estás a fim de me beijar. Não brinca e não briga comigo. Estou lhe pedindo colo, abaixei a guarda e humildemente te peço colo, amor. Não vês o meu desespero? Colo e um pouquinho do braço. Braços tão fortes e viris, prontos para abraçarem o mundo, menos a mim. Me leve pra qualquer lugar, não quero ficar em casa - meu quarto está doente - os móveis, o teto, paredes e janelas, todos adoeceram com excesso de loucura, de você. Deixa eu dormir - só por essa noite - em sua toca de leão selvagem. Hoje a selva parece um abismo sem fim e eu só encontrei consolo ao lado da fera.