quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Velar

pensar nas infinitas possibilidades de tudo que poderia ter sido, mas não foi e nunca será, ainda me levará ao hospício.



ainda sinto o gosto do verão passado. ninguém entende, minha vontade é de sair correndo pelas ruas dessa cidade e gritar que eu fui sua. ninguém entende. teus olhos se fecharam para sempre e eu te esperei a minha vida inteira, merda. não me mande dizer adeus, não agora, não hoje, não subitamente assim. há muito tempo ando saturada das coisas e se  pudesse mergulharia o resto de vida que ainda me resta em você. em que porra deixei a minha força de vontade? não tenho a habilidade de viver nesse mundo. meu sorriso sempre tão mórbido, morrer não parece doer, quem sofre é quem fica. 

penso nas infinitas possibilidades que a gente poderia ter tido, mas tudo acabou em flores e velas. 



te amo. 





quarta-feira, 3 de setembro de 2014




Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.


(Mario Quintana)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

eu sou a maré viva... se entrar vai se afogar ♫


meu coração vem de tantos naufrágios e eu não quero que você seja só mais um a abandonar o barco.
não entre na ilha do esquecimento, baby.
rema, rema, rema, rema...  

terça-feira, 24 de junho de 2014

um anjo bom veio até mim e me beijou os olhos.

quem um dia irá dizer que existe razão?
são duas da manhã, meus demônios despertaram, fumaça de cigarro paira sobre o meu particular inferno.
toda a lembrança de horror veio à tona:

a praça, os comprimidos e o meu choro abafado.

baby, eu não sei a profundidade do poço que me encontro.

no vazio da cama, encontrei um consolo.      

sexta-feira, 6 de junho de 2014

camas, banheiros, você e eu...

pensando nas camas
usadas e reutilizadas
para trepar
para morrer.

nesta terra
alguns nós trepam mais do que
nós morremos
mas a maioria de nós morre
melhor do que
trepamos,
e morremos
bocado a bocado também -
em parques
tomando sorvete, ou
nos iglus
da demência,
ou em esteiras de palha
ou sobre amores
desembarcados
ou
ou.

:camas, camas, camas
:banheiros, banheiros, banheiros

o sistema de esgoto humano
é a maior invenção do
mundo.

e você me inventou
e eu inventei você

e é por isso que nós não
damos
mais certo
nesta cama.
você era a maior invenção
do mundo
até que resolveu
me mandar descarga
abaixo.


agora é a sua vez
de esperar que alguém aperte
o botão.
alguém fará isso
com você,
puta,
e se eles não fizerem
você fará -
misturada ao seu próprio
adeus
verde ou amarelo ou branco
ou azul
ou lavanda.




velho Buk.

domingo, 1 de junho de 2014



(olha pra mim, olha pra mim filho da puta; escreverei pra você pela primeira e última vez e, assim, faço-te eterno antes que tudo isso vire pó na memória.)


quanto desespero cabe em uma lágrima? a fumaça do cigarro cobre o cinza da cidade. chorei pelo último filho da puta que me deixou. essas mesmas dores são iguais a antigas dores. qualquer um poderia me salvar do precipício, qualquer um...
mas eu sempre sei dos lábios que sussurraram o adeus dolorido, dos negros olhos chorosos, dos mesmos comprimidos, da vontade louca de cavar um buraco até o núcleo da Terra e por ele ser engolida.






será sempre eu, será sempre eu sentada no mesmo banco da praça chorando por amores falidos.será sempre eu. 


sempre, merda.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Notícias Populares


Dezenas de meninas foram sequestradas e estupradas na Nigéria.
Mulher é morta por engano pela população no Guarujá.
Um vaso sanitário é atirado na cabeça de um rapaz em Recife.
A água se esvai, assim como toda a tolerância.

Meu Deus, foste tu o criador dessa gente à sua imagem e semelhança?

O mundo não tem remédio, o mundo não tem remédio, o mundo não tem remédio. Sussurro pras paredes. Sentei e chorei.         

sábado, 22 de março de 2014


Eu te amei desde o começo dos tempos. Te amei desde os primórdios da velha Andressa até o começo do meu novo eu. Te amei, te amo e te amarei. Simples, doloroso e real. Minhas palavras nunca foram vazias, elas são tudo que tenho, merda. Por favor, não me chame de dissimulada, não diga que não passei de uma mentira. Seu amor não foi o suficiente para acompanhar a minha metamorfose e nem o meu para te dar o perdão. O orgulho criou morada como uma erva daninha e sufocou todo sentimento bonito reduzindo tudo em mágoas. O primeiro amor é sempre o mais injusto, menina. Todos os outros serão apenas os outros e só.   

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Don't cry.





Deus chorou quando conheceu o homem
e os anjos choraram quando conheceram as bombas.
eu me mantive no escuro durante todo esse tempo,
todo esse tempo de dor eu me mantive aqui,
entorpecida pelo caos e a fumaça do meu cigarro.
sozinha,  chorando bem baixinho.
escrevo pra quem?
um mar de lágrimas cobre os países pobres,
a menina de azul chora pelo mesmo cara.


óh honey,  não sangre pelos olhos!
o mundo,  sabemos disso,  não tem remédio.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014


O que você sabe sobre perder alguém? Só se livrastes de um cara que nunca te amou. A sua dor não é a maior do mundo, caralho! assim como a minha que também não é. Perdi todos os alicerces, meus amigos me traíram e o garoto que eu poderia ter amado me deixou. Você era a única ponte que me ligava a humanidade e você cagou nisso.



      O velho disse, uma vez: "não construa nas pessoas". Eu só preciso ouvi-lo.

sábado, 8 de fevereiro de 2014



Eu queria ter curado tudo que dói em você, mesmo não sabendo o que fazer com a minha própria dor; mesmo tendo esse coração petrificado te curaria da parte mais triste da vida. Pequena, somos iguais em desgraça e eu não posso te curar porque estou tão na merda quanto você. Também espero a mão salvadora e esse fardo de salvar alguém não cabe em meus ombros. Não salvamos uma a outra, mas eu te tinha. O plano não era ficarmos juntas? Nunca acreditei no eterno, sempre soube que o adeus chegaria. Somos, agora, parte de um passado escuro, parte de uma amizade unida na dor. Você consegue me perdoar? Eu só queria ter te salvado.       



                     

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Esperar é suicídio. Desesperar.



Guardo o meu melhor sorriso para aquele que me salvará daqui. O fogo cobre a superfície do meu quarto, todos os infindáveis gritos de socorro já foram consumados. Cadê os meus amigos? Onde se encontra o cara que me beijou os olhos? Amenizo a dor do abandono com meia dúzia de comprimidos. Me desculpa, eu sempre fui autodestrutiva. Todos estes humanos que dilaceram o meu coração, todos estes putos que fincam o aço frio da navalha. Putos, putos, putos... eu ainda espero a porra da mão que me tirará desse inferno.  

domingo, 26 de janeiro de 2014

Não deixe

Não deixe as pessoas serem
seu alicerce.
nem as garotas jovens
nem as garotas velhas
nem os homens jovens
nem os homens velhos
nem aqueles no meio-termo
nenhum deles,
não deixe as pessoas serem
seu alicerce.

Ao invés disso
construa na areia
construa no lixão
construa na fossa
construa nos túmulos
construa na água,
mas não construa nas
pessoas.

Elas são uma aposta ruim,
a pior aposta que você pode fazer.

Construa em outro lugar,
qualquer outro,
qualquer
mas não nas pessoas,
massas
sem cabeça, sem coração
emporcalhando os
séculos,
os dias,
as noites,
as cidades, os municípios,
as nações,
a Terra,
a estratosfera,
emporcalhando a
luz,
emporcalhando todas
as chances,
aqui,
emporcalhando completamente
tudo
agora
e amanhã.

Qualquer coisa
comparada às pessoas,
é um alicerce melhor a se procurar.

Qualquer coisa.



Bukowski

sábado, 18 de janeiro de 2014

Para uma velha amiga.

Em toda a história humana o que mais o homem almejou foi uma máquina do tempo, ser sugado magicamente para o futuro ou simplesmente ser vomitado no passado. Eu voltaria naquele tarde quente. As palavras foram usadas da forma mais triste e áspera que há. Amiga, sinto muito por nós duas, mas o tempo e a dor apagaram qualquer vestígio de cumplicidade. Onde se encontra a garota que foi o meu primeiro amor?  Você foi embora e você não olhou pra trás, achou outras pessoas para serem chamadas de amigos; eu também achei pessoas, e elas me mutilaram e me usaram e me descartaram. Certamente, se você estivesse aqui, falaria: “não liga pra estes putos”, e ouviria meu choro abafado pelo cigarro. Não posso mudar o que me tornei, eu não posso te trazer de volta; estas cicatrizes já fazem parte de mim, nunca mais serei a menina meiga, me perdoa.  


Ainda guardo o som da tua risada, as fotos e toda lembrança bonita que ficou. 




De quem um dia foi chama acessa na sua vida, Andressa.                 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


Você me teve em tuas mãos e não soube o que fazer com isso, eu sempre fui mais mulher do que você foi homem. Ainda me pergunto o que é que me despertou o interesse no seu mundo, talvez, só talvez, foi o seu jeito bobo de levar as coisas  e a sua vida desprovida de qualquer mínimo problema. Invejo-te por isso. Você me disse, uma vez: "eu poderia ter escolhido qualquer garota menos complicada". Mas baby, a escolha já foi feita e meu fogo lhe queimou a pele. Te senti distante, teus olhos claros nunca mais se chocaram contra os meus olhos negros, estava começando a doer. Mas antes que você partisse, eu ti parti, ao meio. Continuei o que você começou, te joguei descarga abaixo; mudei o disco, a dança, o ritmo. Eu chorei por isso, meu coração ficou dilacerado, eu precisei acabar contigo, era você que acabaria comigo. Essa não é a regra? Destruir o que te destrói? Meu instinto foi o mais selvagem possível e eu chorei por isso, merda. É que essas sardas que lhe marcam o rosto ficam tão bonitas olhando assim de lado. Me encarando rígido, perguntava: "você vai parar te tomar essas merdas?". Eu sou sua garota complicada, lembra? Eu faço tudo errado, tudo errado. Não era a minha morte que te preocupava, era o pânico de não saber o que fazer se em seus braços eu caísse dura e morta. 


Provavelmente, outras putas cruzarão o seu caminho e outros caras me beijarão a boca. O adeus já foi dito baby, e doeu.    

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Um texto para a morte que não houve.

Você não me salvou, meus amigos não me salvaram, mamãe não me salvou, baby. Eu sou a garota fudida entorpecida por uma duzia de comprimidos e uma tonelada de dramas. Eu quis pular da janela do oitavo andar, quis colidir meu corpo contra um ônibus. Ninguém me salvou. Eu sou a suicida fracassada e eu não morri, não morri. 

ha
haha

Vejo teus dentes sorrindo ao lado da puta que você escolheu, e eu não morri.