terça-feira, 24 de junho de 2014

um anjo bom veio até mim e me beijou os olhos.

quem um dia irá dizer que existe razão?
são duas da manhã, meus demônios despertaram, fumaça de cigarro paira sobre o meu particular inferno.
toda a lembrança de horror veio à tona:

a praça, os comprimidos e o meu choro abafado.

baby, eu não sei a profundidade do poço que me encontro.

no vazio da cama, encontrei um consolo.      

sexta-feira, 6 de junho de 2014

camas, banheiros, você e eu...

pensando nas camas
usadas e reutilizadas
para trepar
para morrer.

nesta terra
alguns nós trepam mais do que
nós morremos
mas a maioria de nós morre
melhor do que
trepamos,
e morremos
bocado a bocado também -
em parques
tomando sorvete, ou
nos iglus
da demência,
ou em esteiras de palha
ou sobre amores
desembarcados
ou
ou.

:camas, camas, camas
:banheiros, banheiros, banheiros

o sistema de esgoto humano
é a maior invenção do
mundo.

e você me inventou
e eu inventei você

e é por isso que nós não
damos
mais certo
nesta cama.
você era a maior invenção
do mundo
até que resolveu
me mandar descarga
abaixo.


agora é a sua vez
de esperar que alguém aperte
o botão.
alguém fará isso
com você,
puta,
e se eles não fizerem
você fará -
misturada ao seu próprio
adeus
verde ou amarelo ou branco
ou azul
ou lavanda.




velho Buk.

domingo, 1 de junho de 2014



(olha pra mim, olha pra mim filho da puta; escreverei pra você pela primeira e última vez e, assim, faço-te eterno antes que tudo isso vire pó na memória.)


quanto desespero cabe em uma lágrima? a fumaça do cigarro cobre o cinza da cidade. chorei pelo último filho da puta que me deixou. essas mesmas dores são iguais a antigas dores. qualquer um poderia me salvar do precipício, qualquer um...
mas eu sempre sei dos lábios que sussurraram o adeus dolorido, dos negros olhos chorosos, dos mesmos comprimidos, da vontade louca de cavar um buraco até o núcleo da Terra e por ele ser engolida.






será sempre eu, será sempre eu sentada no mesmo banco da praça chorando por amores falidos.será sempre eu. 


sempre, merda.